Curiosidades

“CAUSOS” 1

APARELHO DA NASA

Lendo a entrevista do ator e ortodontista Carlos Machado no jornal da APCD (Jan.2012) observei:
“…e na clínica desenvolvo um conceito na área que é pouco divulgado no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, que é a Ortodontia Autoligável. …tive acesso a essa tecnologia desenvolvida pela NASA (National Aeronautics and Space Administration), que dispensa o uso dos bráquetes para segurar o fio metálico.” (sic).

Naquele momento além de ficar branco e gelado, pensando que tinha que rasgar o Diploma (com letra maiúscula, porque é o meu.rsrsrs) tive uma súbita dor de barriga!!! Providencial até, pois que permitiu momentos de reflexão que identificaram que o susto advinha mais por causa do veículo (Jornal da APCD – Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas) do que pelo “claro” engano cometido na entrevista promovida por Mariana Pantano.

Antes de concluir, vale lembrar que bracket é aquela pecinha do aparelho fixo que fica aderida ao dente, e autoligado é um tipo de bracket  que dispensa o uso de amarrilhos metálicos ou ligaduras elásticas para prender o fio ortodôntico (chamado arco) aos brackets, pois possui uma travinha.

Com certeza, podemos dizer que a Agencia Espacial Norte Americana (NASA) contribuíu e muito, com o desenvolvimento siderúrgico que culminou com a criação de ligas metálicas termicamente ativadas. Tecnologia desenvolvida para colocação de satélites no espaço e na confecção de antenas para os veículos do pragrama “Space Shuttle” os ônibus espaciais.
Essa liga metálica desenvolvida pela NASA se comporta distintamente, dependendo da temperatura ambiente.
Explicando melhor:  Num compartimento fechado e aquecido, a “antena” feita desse material, fica maleável podendo ser acondicionada ocupando pouco lugar. Já no espaço sideral, abrindo-se o compartimento, a baixa temperatura ambiente faz com que o fio enrolado  recupere o formato original de quando foi produzido e… abracadabra… arma-se a antena.

Dai para esse material virar material ortodôntico foi “só” inverter a propriedade siderúrgica do metal:

Sob baixas temperaturas (água gelada por ex.) o fio fica maleável, mas dentro da cavidade oral, mais quentinho, recupera o formato de arco pré-contornado. Estava inventado o fio termicamente ativado da ortodontia.

Depois vieram os brackets autoligados, que permitem um menor atrito entre os fios e eles próprios. Os mais atuais fios térmicos provocam menos atrito também.

Por fim lamento o equivoco cometido pelo Jornal da APCD, pois uma historinha tão legal envolvendo tecnologia, ortodontia e NASA, pode se tornar um transtorno para profissionais comprometidos com a transparência.

 

 

“CAUSOS” 2

 

Tinha um ortodontista, ele morava na Austrália. Chamava-se Percy Raymond Begg.

Conta a lenda que clinicando num país continental como a Austrália, Dr. Begg que atendia por todo o país, notou que quando voltava para atender em seu consultório em Adelaide, depois de dois ou mais meses trabalhando por outras paragens, encontrava os dentes de seus pacientes movidos demais, isto é, haviam “andado” bem mais que o previsto… Havia também muitas reclamações de sensibilidade ao mastigar e dores espontâneas…

Como pesquisador que era, antes de mais nada, ficou pensativo no que estaria acontecendo…                                   Percy Raymond Begg 1958

Chegou à conclusão que deveria mudar as forças que impunha aos dentes pra ver o que acontecia…

Ocorre que esta ideia de mudar as forças para movimentar os dentes não era novidade alguma e o consenso era de que os dentes se moviam muito bem com a aplicação de forças em torno de 1 quilo.

Dr. Begg resolveu verificar por si próprio, e…

vamos nos lembrar do que a história diz de Dr. Begg:

“he was a brilliant orthodontist who discovered a unique method of moving teeth”.

Demorou bem pouco, e ele acabou por descobrir que os dentes não se moviam com forças pouco menores que as convencionais, e quando voltava ao consultório, ao invés de ver um dente movimentado muito mais do que prevera, encontrava-o no mesmíssimo lugar!

Dr. Begg, muito perseverante e movido por sua necessidade de permanecer ausente ou distante de seus pacientes por mais tempo que os demais ortodontistas de seu tempo, longe de desistir, resolveu pagar pra ver e diminuiu drasticamente as forças utilizadas até então.

Para terminar o mistério, conto a vocês que foi desta forma que revelou-se ao mundo a “ortodontia de forças leves” ou melhor dizendo:

The Begg light wire technique

Hoje sabe-se que não precisamos mais do que 100 gramas para movimentar um molar e menos ainda para dentes menores. Porém, a fama que os tratamentos ortodônticos possuem até hoje de serem causadores de dor, ainda persiste!

uma vez reconhecida a técnica de arcos leves de Begg, logo nasceu a ortodontia de forças leves amplamente utilizada até hoje.

A ciência também é feita de coincidências, que jamais escapam à percepção das mentes brilhantes, até lembrei de um tal de NEWTON rsrsrsr